CORRER COM TÊNIS MINIMALISTA PODE MELHORAR SEU TEMPO!! MAS CORRER COM RETROPÉ OU ANTEPÉ NÃO FAZ DIFERENÇA!

06/10/2013 03:10

Desta vez mostramos a vocês um estudo de 2012, da Universidade de Havard, com um dos autores sendo Daniel Lieberman, um dos mais fomosos cientistas sobre a corrida descalça.

 

Neste estudo eles testaram uma variável denominada economia de corrida (EC). O objetivo foi compará-la utilizando a corrida com tênis tradicionais e tênis minimalistas, além das formas diferentes de pisar: com o retropé (calcanhar) e com o antepé (ponta do pé).

 

Figura do artigo mostrando os diferentes modelos da corrida com o antepé (esq . A) e retropé (dir. B). Fv é a força de reação do solo, Fat é a força do músculo Tibial anterior, Fa é a força do tendão do calcâneo, e Fb é a força corporal (força peso).

 

Eles mediram o custo de transporte de oxigênio em sujeitos que habitualmente corriam com tênis minimalistas ou descalços. Para efetuar o teste, eles correram na esteira descalço, calçado com um minimalista e calçado com um tênis tradicional. Além disso, utilizaram nestas três situações correndo com retropé e antepé. Foram medidas a força e dados cinemáticos quantificando as possíveis diferenças na flexão do joelho, tensão no arco plantar, a produção de força no tendão do calcâneo.

 

Este estudo mostrou como resultado uma economia de corrida  com o uso do tenis minimalista de 2,41% quando se corria com o antepé e de 3,32% correndo com o retropé. Quando se correu com o tênis tradicional as formas diferentes de pisar não apresentaram diferença significativa na EC.

 

A tensão no arco do pé não foi medida na condição calçada, mas foi significativamente maior durante a corrida com antepé na condição descalça comparada à corrida com retropé descalça. A força dos flexores plantares foi significativamente maior na corrida com antepé, assim como na corrida descalça comparado à corrida calçada. A tensão no tríceps da perna e a flexão de joelho foram menores na situação descalça comparado à condição com tênis.

 

 

Gráficos demonstrando  os resultados entre as condições descalça (BF) e calçada (SHOD), corrida de antepé (FFS) e corrida de retropé (RFS). A letra A. demonstra a deformação do arco longitudinal (arco do pé), B  demonstra a tensão no tendão do calcâneo; C. a força nos flexores plantares; D. o ângulo do joelho.  

 

Para justificar a ocorrência destes resultados os autores afirmam que o calçado minimalista pode permitir uma melhor utilização da energia elástica do arco longitudinal do pé (arco plantar). Além disso, acreditam que outro ponto possa ser uma menor amplitude de movimento do joelho, por volta de 8,83% a menos na corrida descalça e com o tênis minimalista.

 

Uma constatação interessante feita pelos autores é que a cada melhora em 1% na EC, o corredor  aumenta a sua velocidade em 0,17 km/h. Os 3% de melhora aqui apresentados com a utilização do tênis minimalista pode aumentar a velocidade em pouco mais de 0,5 km/h, o que em uma maratona melhora o tempo em 9,5 minutos.

 

Os autores concluem que os tênis minimalistas promovem uma maior economia de corrida que os tênis tradicionais. Mas não conseguiram comprovar que correr com antepé pode ser mais econômico que correr com retropé.

 

PERL, D. P., A. I. DAOUD, and D. E. LIEBERMAN. Effects of Footwear and Strike Type on Running Economy. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 44, No. 7, pp. 1335–1343, 2012.