COMO A RELAÇÃO ENTRE O MOVIMENTO DO QUADRIL E A REGIÃO LOMBAR PODE AFETAR A SUA CORRIDA?

01/09/2013 00:22

Em abril deste ano, colocamos o post abaixo comentando um artigo científico sobre a falta de mobilidade na articulação do quadril podendo acentuar a inclinação anterior da pelve e aumentar a lordose lombar (curvatura exagerada da região mais baixa da coluna).

Isso foi o que um estudo da Universidade da Virgínia, feito com corredores recreacionais tentou demonstrar. O objetivo da pesquisa foi o de verificar os padrões de coordenação da articulação coxo-femoral, do quadril e da coluna lombar durante a corrida e a caminhada.

Setenta e três corredores foram filmados em três dimensões. Os resultados mostraram que, embora o tamanho da passada aumentasse consideravelmente na corrida em relação à caminhada, a extensão do quadril não acompanhava esse aumento.

As filmagens e medições revelaram que a extensão da coxa e a anteriorização do quadril foram maiores na corrida. Os corredores que apresentavam uma extensão menor do quadril tinham uma maior anteriorização da pelve quando corriam.

Os dados indicam que compensações para o aumento do comprimento da passada ocorrem na pelve e, presumivelmente, na coluna lombar, assim como no quadril. Aprofundando mais sobre estes resultados, os autores demonstram que, assim como em outras publicações onde pacientes com contraturas em flexores do quadril, com consequente resultado de limitada amplitude de extensão do quadril, normalmente apresentam um aumento no comprimento do passo obtido através de compensação da inclinação anterior da pelve na posição final à propulsão. Assim, os autores sugerem que, mesmo em corredores saudáveis, a amplitude de extensão do quadril, utilizado durante a caminhada e a corrida, em velocidades auto-selecionadas, podem ser uma conseqüência da flexibilidade disponível em cada indivíduo. Ou seja, indivíduos menos flexíveis não permitem uma maior amplitude de movimento na passada, provocando um aumento compensatório da projeção anterior da pelve. Isso pode não ser tão seguro para a colunca lombar.

Outra questão interessante, destacada pelos autores, é esta anteriorização da pelve ter ocorrido antes do pico de extensão do quadril. Este fato é uma consequência da progressão mais rápida da parte do corpo mais proxima do tronco em preparação à fase de balanço de todo o membro inferior. Este comportamento agiria como um alongamento dos flexores do quadril apoiando o papel passivo da flexibilidade na magnitude da extensão do quadril.

Por isso, a prevenção e o tratamento de lesões nos músculos isquiotibiais e na região lombar dependem de uma avaliação da coordenação entre a pelve e o quadril. Assim, se você está com dores na região lombar ou tem lesões recorrentes nos músculos posteriores da coxa seria importante você fazer uma avaliação da sua corrida ou caminhada para verificar a movimentação de sua pelve. 


Franz, J., Paylo, K., Dicharry,J., Riley, P., Kerrigan, D. Changes in the coordination of hip and pelvis kinematics with mode of locomotion. Gait & Posture. 29 (2009) 494–498.